The memory remains

BLOCOAJá deve ter rolado com você. Comigo rola. Direto eu tô cruzando um pedaço da cidade, uma rua, um sinal de trânsito ou uma curva qualquer em Brasília e lembro de uma pessoa específica. Aí acaba que, na hora, aquele lugar SEMPRE me puxa uma mesma referência. Que não é necessariamente uma memória impactante ou um trauma. Não tem muita lógica, na verdade.

Uma vez, coisa de dez anos atrás, estava entrando no Parque da Cidade pela via que passa por trás do Colégio La Salle, lá pela altura da 908 Sul. Era de noite e eu estava apenas indo andar de kart com uns amigos do trabalho. Na hora que estava fazendo aquelas curvinhas estilo pista de Fórmula 1 pra adentrar no Parque, um amigo me ligou só pra dizer que estava chegando também. Nada demais. Mas toda vez que passo por ali, lembro disso. E do cara. Ele nem deve saber.

Também é impossível descer aquelas vias que cruzam o eixão por baixo – vindo das quadras centos pras duzentos -, na Asa Sul principalmente, e não lembrar da minha mãe acelerando o Chevette dela (vermelho, placa AL 9302) e dizendo pra mim e pros meus irmãos e eventuais amiguinhos de carona do Rodolpho de Moraes Rêgo: “Olha o frio na barriga!!!”. Desnecessário dizer que acelero igual quando passo por ali.

Quando eventualmente vou pra Taguatinga, sempre lembro de ter ido umas duas ou três vezes com uns amigos, na hora do almoço na época em que trabalhava no jornal, pra comprar e trocar peça de computador na casa de um freak desses que anunciam prestação de “serviços de recuperação de dados”. Aí lembro da casa do cara cheia de peça e circuito de computador no chão, fios desencapados, placas-mãe, etc.

Tem ainda a entrequadra da 206/207 Sul, por exemplo, que era um lugar onde eu ia “brincar” quando era moleque, mas sempre acompanhado da Santa, a empregada da minha mãe. Eu ia “morrendo de medo de pivete”. Tinha um parquinho tosco, abandonado, com grama crescendo na área e às vezes um cheiro de cocô de cachorro. Eu não ia muito lá. Quando fui ficando mais velho, a onda era fazer umas corridas de tampinha, que eu pegava nos fundos de um barzinho que tinha na comercial da 207. Aí já era mais legal. Nessa mesma entrequadra, tempos depois, apareceu uma pista de bicicross. Mas eu sempre fui loser na bicicleta. Não tinha as manhas de empinar, pular, dar uma pirueta ou coisas do tipo. Mas gostava de ir lá com a minha Monark dobrável quando os profissionais não estavam na área . E ainda lembro bem disso quando passo no eixinho. Ou por baixo, na pista das 400s, indo pra casa do meu pai, que ainda mora por lá.

Duvido que você não tenha uma pala dessas. Aliás, duvido que não tenha váááárias palas dessas!!!