O caminho

THE-BLACK-KEYS-EL-CAMINO

Em abril tem Lollapalooza, em São Paulo. A despeito de uma certa preguiça de ir a três dias seguidos de festival, comprei os ingressos, sim, para todas as noites de festerê roqueiro na Terra da Garoa. Além do Pearl Jam, que dispensa apresentações e qualquer tipo de imersão prévia, tocarão uma infinidade de bandas emergentes. Mas o que achei mais legal é que as apostas foram em bandas razoavelmente consagradas do fim dos anos 90 e ao longo da década de 2000. Nada de bandinha que só o seu amigo über-alternativo curte (e só ele) e não entende como o mundo inteiro não vê aquilo como “a melhor coisa que já foi produzida desde os Beatles”. Tem Kaiser Chiefs, Killers, Queens of The Stone Age, Franz Ferdinand (minha favorita dos anos 2000), Cake (preguicinha), The Hives e o blockbuster dos últimos anos, o tal do Black Keys.

Eu conheci esses blues rockers americanos de Ohio há uns três anos, quando um amigo pesquisador-musical me indicara dois discos deles (Attack and Release e o Brothers). Como sói ocorrer, apenas me arrisco a emitir uma opinião sobre um disco depois de ouvi-lo no mínimo quinze vezes, sendo que pelo menos dez delas no shuffle e com a obrigação de saber o nome da música (sim, eu não engulo esse papinho de “ai, eu gosto de um monte de música, mas não sou bom (boa) de saber o nome, tá?”). Aí sim, com todo o pós-conceito possível, eu me sinto seguro pra dizer: gosto razoavelmente do Attack and Release (que terá, salvo mudanças inesperadas, três músicas no setlist do show de São Paulo) e não curto tanto assim o Brothers (que terá nababescas SETE músicas no show e é meio cultuado). Sei lá, eu gosto de rock, agitado, frenético. Gosto de uma balada de rock também (sou viciado em Whitesnake não à toa), mas não curto mesmo músicas arrastadas. E existem muitas delas no Brothers.

Dito isso, nesses dias que antecedem o festival, tenho estudado bastante Black Keys. E tive a grata e deliciosa surpresa de ouvir à exaustão o El Camino, o último disco deles (de 2011) e que terá também sete músicas (de um total de 11 faixas) tocadas no show. Sou muito preguiçoso pra coisa nova. Mas te digo: esse disco é bom para caralho. Tem músicas que são bem agitadas, perfeitamente “tocáveis” em festas, como Gold On The Ceiling, Dead and Gone, Lonely Boy e Run Right Back. Tem Little Black Submarines, que começa devagar e depois tem uma virada bacana. E tem outras que não são tão rápidas mas bem gostosas de ouvir, como Hell Of A Season e Stop Stop. Não tenho tempo nem saco – afinal, faço outras coisas da vida – pra ouvir tudo que existe e tem potencial, mas esse disco eu recomendo grandão.

E agora dá licença que eu tenho menos de dois meses pra ouvir à exaustão os cinco discos do Queens Of The Stone Age e o último do The Hives.