No tempo do “fera” e do “massa”

giriasNão sou exatamente um cara “nostálgico”, apesar de ter um carinho específico e até mesmo uma alforria qualitativa com músicas, filmes e livros trashes dos anos 1980. Mas até hoje ainda uso algumas expressões, no meu cotidiano, que, lembro bem, eram muito típicas de Brasília (talvez de outros lugares também) nos anos 1980. Claro, como todas as gírias, a maioria delas são adjetivos, nem sempre (ou quase nunca) elogiosos, ou substantivos (concretos e abstratos).

Quem nunca achou uma coisa “massa”  em Brasília? O “massa” veio bem antes do “fera”. E é bem simples de entender. Uma coisa é massa quando ela é legal, bacana, divertida. O mesmo valia para o “fera”, que hoje em dia ganhou conotação mais ampla e hoje define também o cara que é superqualificado em alguma coisa. Tipo “o João é fera na cozinha” ou “o Leonardo é fera em ensino religioso” ou “o Guilherme é uma fera em cálculos”.

E “toba”? Alguém já mandou o outro “tomar no toba”? Ou “dar o toba”? Esse termo andou meio sumido nos anos 90 e 2000, mas vejo vários amigos ressuscitando a expressão ultimamente. Desnecessário explicar o que significa, certo?

A “tchola” é precursora da “rola”, da “benga” e de uma infinidade de termos chulos utilizados pelos jovens (e pelos nem tão jovens assim) para definir o órgão genital masculino.

O “barãozinho” eu lembro bem. Hoje em dia pouca gente usa. Mas na minha época de moleque era batata: o camarada mostrava uma nota de mil cruzeiros (do Barão do Rio Branco), comprava uma bicicleta Extra Nylon, viajava pra Disney ou tinha um videocassete de quatro cabeças, então ele era o “barãozinho” da turma. O cara abonado, cheio da grana, do tutu.

O “prego” sobrevive firme e forte a décadas de (r)evoluções linguísticas. Serve pra desqualificar um cara meio babaquinha, chato, inconveniente. Uma variante dele, da mesma época, era o “pião” (ou seria “peão?”), esse também bastante utilizado em pleno 2013.

“Burraldo” acho que é dos tempos jurássicos dos anos 80. Tipo no fim da década, já estava em desuso. Mas nada mais era do que uma alcunha meio infantil para aumentar o nível da hostilidade dirigida ao sujeito que supostamente havia cometido alguma “burrice”.

Quem sofria bullying dos caras mais velhos da quadra ou da rua, como eu, não vai se esquecer da “pulmonar” e da “sardinha”. A primeira era quando os caras mais velhos te passavam uma “banda” (mais uma expressão!!!) e, com as duas mãos, apertavam sua caixa toráxica com força e em curtos e constantes intervalos, pra te fazer quase chorar de tanta falta de ar. Eu acho que a “pulmonar” era muito específica dos malas da 207 Sul, já que não me lembro de ter ouvido o termo ou mesmo visto a execução prática do mesmo em outro lugar de Brasília. Já a “sardinha” era aquela mania de, com o dedo indicador e o maior, dar um “tapa arrastado” na bunda do colega ou amigo. E tinha que ser na bunda, sem conotações homossexuais. Era pra machucar, sempre.

O “palha” também é dessa época – se não for anterior. Basicamente adjetiva uma atitude, situação, pessoa ou atuação condenável, fraca, decepcionante.

Vocês lembram de outros termos ou mesmo expressões dessa época?

PS: Infelizmente, devo reconhcer que o “véi”, da forma chula, irritante, opressora e onipresente como é utilizado hoje por todos os “jovens brasilienses”, já pode ser considerado como uma expressão típica dos habitantes do DF. Foda!!!